NOTÍCIAS - 10/10/2025

Comando Nacional e Fenaban discutem riscos de contaminação de trabalhadores por bisfenol

O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se reuniram nesta quarta-feira (8) para debater os riscos de contaminação por bisfenol A (BPA) e bisfenol S (BPS), substâncias presentes em papéis térmicos utilizados em impressoras e terminais eletrônicos.

A preocupação foi levantada pela primeira vez em mesa de negociação no dia 25 de setembro, durante encontro sobre Evolução da Atividade Econômico-financeira. Na ocasião, foi acertada a realização de uma nova reunião exclusivamente para tratar do tema, que aconteceu nesta semana.

Entre os pontos abordados esteve o projeto de lei 2844/24, em tramitação no Congresso Nacional, que proíbe a fabricação e a importação de papéis térmicos com BPA e BPS em concentrações iguais ou superiores a 0,02% de seu peso. A proposta já foi aprovada na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, mas ainda precisa passar por outras comissões e pelo Senado.

Estudos científicos também foram apresentados. Um deles, publicado em 2014 pelo The Journal of the American Medical Association (Jama), apontou que o manuseio de papéis térmicos contendo BPA pode resultar em rápida absorção da substância pelo organismo. Após duas horas de contato, todos os voluntários da pesquisa apresentaram aumento significativo da concentração do químico na urina.

Outro levantamento, realizado em 2023 pela Universidade Federal Fluminense (UFF), indicou que o BPS — alternativa usada atualmente pelos principais bancos no Brasil — pode causar efeitos semelhantes ao BPA, principalmente para o coração. A pesquisa apontou que a exposição ao BPS associada à obesidade pode intensificar problemas como hipertrofia e fibrose cardíaca, aumentando o risco de insuficiência cardíaca.

A União Europeia proibiu desde 2020 o uso de papéis com BPA, substituindo-o pelo BPS. No entanto, a Suíça foi além e se tornou o primeiro país a proibir tanto o BPA quanto o BPS em papéis térmicos.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia estabelecido restrições ao uso do bisfenol A em produtos infantis, proibindo desde 2012 a fabricação e importação de mamadeiras com a substância.

Na mesa desta quarta-feira, a representação da Fenaban informou que os cinco maiores bancos utilizam atualmente bobinas à base de BPS, e não mais de BPA. Também propôs que os estudos apresentados sejam compartilhados e que novas pesquisas sejam desenvolvidas com a participação de instituições científicas.

Já a representação dos bancários defendeu que, paralelamente à realização de novos estudos, sejam adotadas medidas preventivas para afastar possíveis riscos à saúde dos trabalhadores, substituindo os papéis que contêm essas substâncias.

O bisfenol está presente não apenas em papéis térmicos, mas também em plásticos e resinas que revestem embalagens metálicas de alimentos. Em grandes concentrações, pode interferir no sistema endócrino e está associado a distúrbios reprodutivos, problemas cardíacos, obesidade, alterações no desenvolvimento infantil e diferentes tipos de câncer.

 

Fonte: Contraf

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