Bancários de Feira fortalecem a luta na Conferência Interestadual

Com a maior comitiva do interior, o Sindicato dos Bancários de Feira de Santana participou da 27ª Conferência Interestadual dos Bancários da Bahia e Sergipe, realizada de 18 a 20 de julho, no Hotel Portobello, em Salvador. Durante três dias, representantes das 13 bases filiadas à Federação alinharam posições sobre juros altos, impactos da inteligência artificial no emprego e saúde mental, preparando a pauta que seguirá para a Conferência Nacional, em agosto, em São Paulo. 

 

A sexta‑feira de abertura iniciou com a aprovação do regimento interno e o lançamento do livro “As Finanças do Dragão: o sistema financeiro chinês”, do geógrafo e ex‑bancário Marcello Azevedo, cujo conteúdo inspirou os debates sobre soberania financeira e alternativas ao modelo ocidental. 

 

No sábado pela manhã, o jornalista Joaquim de Carvalho defendeu a comunicação sindical e lembrou que a grande imprensa é financiada pelos bancos; em seguida, o professor José Kobori criticou o tripé macroeconômico brasileiro e apontou os R$ 114 bilhões de lucro bancário em 2024 como expressão de uma “transferência invertida de renda”. À tarde, o pesquisador Leandro Andrade apresentou dados segundo os quais 54% das funções bancárias podem ser automatizadas e um em cada quatro empregos corre risco se não houver regulação. 

 

Nas plenárias, bancários de instituições privadas denunciaram metas inalcançáveis, exclusão de aposentados dos planos de saúde e fechamento de agências. A palavra de ordem aprovada foi clara: luta coletiva. Os encontros setoriais também avançaram nas reivindicações: empregados da Caixa defenderam reajuste zero e o fim do teto de 6,5% no Saúde Caixa; funcionários do Banco do Brasil reafirmaram a boa governança da Previ, exigiram que o banco arque com até 70% dos custos da Cassi e reforçaram o papel público da instituição; já os bancários do BNB propuseram um dia nacional de luta por saúde e melhores condições de trabalho, além de incluir o Plano de Cargos e Remuneração no congresso de agosto. 

 

O domingo foi dedicado à saúde mental. O psicólogo André Guerra enfatizou que o adoecimento da categoria tornou‑se a pauta mais urgente, após a apresentação dos dados da Consulta Nacional 2025. Encerrados os debates, a conferência elegeu a delegação que viajará à etapa nacional. 

 

O presidente do Sindicato dos Bancários de Feira de Santana, Eritan Machado, destacou a importância da participação da delegação na construção coletiva das pautas nacionais: “A pauta do nosso encontro foi unidade e luta por conquistas de direitos, e nós estamos levando para São Paulo para fazermos frente aos bancos e garantir emprego, qualidade de trabalho e saúde para bancários e bancárias”.

 

A participação expressiva dos bancários e bancárias é o reflexo do engajamento da base nas discussões mais urgentes para a categoria. Em meio a diagnósticos duros e propostas concretas, a Conferência é sem dúvidas, o resultado do compromisso dos trabalhadores na construção coletiva de soluções para os desafios atuais, e com a mobilização necessária para que elas saiam do papel.