Campos Neto assume Nubank em transição controversa

Menos de cinco meses depois de deixar a presidência do Banco Central, Roberto Campos Neto foi anunciado como vice-presidente do Conselho de Administração e chefe global de Políticas Públicas do Nubank. O cargo, inclusive, foi criado especialmente para ele.
Enquanto esteve no comando do BC, Campos Neto adotou medidas que favoreceram diretamente as fintechs, como a ampliação do Pix e a implementação acelerada do Open Finance. O número de empresas desse tipo autorizadas a atuar no sistema financeiro saltou de 34 para 258 durante sua gestão. O Nubank é uma das que mais cresceu nesse período.
A coincidência levanta dúvidas. Em abril, o jornal Valor Econômico já havia revelado que Campos Neto planejava abrir uma fintech. Não abriu, mas foi direto para uma das gigantes do setor. A nomeação acontece logo após o fim da chamada "quarentena", regra que deveria impedir esse tipo de transição sem risco de conflito de interesses.
A movimentação chama atenção pela velocidade e pelo favorecimento anterior. O movimento sindical vê com preocupação essa relação cada vez mais direta entre quem regula o sistema financeiro e quem lucra com ele.
Campos Neto também é alvo de investigação no Conselho de Ética da Presidência da República por manter empresas em paraísos fiscais com investimentos em títulos públicos — ou seja, que se beneficiam da alta da Selic, que ele mesmo ajudou a manter.
Enquanto isso, o sistema financeiro segue desigual. As fintechs, beneficiadas por regras mais flexíveis, seguem crescendo sem o mesmo nível de responsabilidade social, trabalhista e econômica.
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