Movimento sindical denuncia clima de medo no Itaú

O movimento sindical dos bancários repudiou as declarações do presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho, feitas durante o evento GAN Summit 2025. O executivo afirmou que parte dos mais de mil trabalhadores demitidos em setembro teria feito “um péssimo trabalho” e que alguns “admitiram ter outros empregos”. Para as entidades sindicais, as falas tentam justificar um processo considerado arbitrário e cruel, que atingiu mais de 1.100 funcionários em todo o país.

De acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, a plenária com cerca de 400 demitidos revelou que a maioria dos desligamentos ocorreu sem qualquer tipo de advertência ou diálogo prévio. Muitos dos trabalhadores haviam sido reconhecidos por bom desempenho e até promovidos pouco antes da dispensa, classificada oficialmente pelo banco como “baixa produtividade”.

O caso chegou ao Tribunal Regional do Trabalho, onde o Itaú propôs um acordo financeiro aos demitidos, fato que, segundo os sindicatos, contradiz a narrativa de má conduta ou duplo vínculo apresentada pelo presidente. Para os representantes dos trabalhadores, a postura do banco fere a dignidade dos profissionais e compromete sua imagem no mercado.

Após as demissões, relatos apontam um ambiente de insegurança e pressão entre quem permaneceu na empresa. Funcionários dizem viver sob vigilância constante, sem clareza sobre os critérios de avaliação de desempenho, o que tem aumentado o medo e o adoecimento mental.

O sindicato alertam ainda para o avanço de mecanismos de controle abusivos, como o uso de inteligência artificial e geolocalização, que podem violar a privacidade dos empregados. Para o movimento sindical, o episódio serve de alerta para todo o sistema financeiro e reforça a necessidade de união da categoria na defesa da dignidade e dos direitos trabalhistas.