Quando a coragem inaugurou uma data de luta

Em 28 de agosto de 1951, sob o calor do pós-guerra e da ditadura, bancários de São Paulo decidiram se unir por um reajuste salarial de 40 % — enquanto bancos e governo ofereciam 20 % e indicavam um custo de vida de 15,4 %. A reação da categoria foi tão firme que os cálculos oficiais foram revisados para 30,7 %. Após 69 dias heroicos de greve, os bancários alcançaram 31 % de incremento salarial. Desse embate intenso nasceu uma data que se eternizou: o Dia do Bancário.
Mais que reajuste, aquela greve sem precedentes foi o prenúncio de uma sólida estrutura de defesa trabalhista. Não por acaso, fomentou o surgimento de sindicatos espalhados pelo país e foi a semente do Dieese, departamento de análise econômica que passou a municiar os trabalhadores com dados robustos e independentes frente às estatísticas oficiais
A data foi oficializada em 1952 no 4º Congresso Nacional dos Bancários e, mais tarde, convertida em lei em 1964, e em muitos municípios tornou-se até feriado. Um marco simbólico que ganhou ainda mais peso ao servir de âncora para sucessivas campanhas salariais nacionais e unificadas.
Ao longo de décadas, a categoria seguiu acumulando vitórias: jornada de seis horas, 13º salário, vale-alimentação, participação nos lucros, processos de igualdade, combate ao assédio, licenças ampliadas, tudo costurado e garantido por uma Convenção Coletiva Nacional (CCT), um caso único no Brasil.
Neste 28 de agosto, não se trata apenas de lembrar datas: é celebrar uma tradição de coragem, união e dignidade. Numa época em que direitos são constantemente questionados, o Dia do Bancário convoca a reafirmação da mobilização como instrumento de cidadania, inspirando bandeiras ainda por conquistar.
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