NOTÍCIAS - 29/04/2025

Um chamado à memória, à prevenção e à dignidade no trabalho

O dia 28 de abril carrega uma marca de dor e luta que atravessa fronteiras. A data foi instituída pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória aos 78 trabalhadores que perderam a vida em uma explosão numa mina na Virgínia, nos Estados Unidos, em 1969. No Brasil, a data também é reconhecida oficialmente como o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, por força da Lei nº 11.121/2005. Mais do que uma homenagem, é um grito por mudanças concretas nos ambientes laborais.

Os números do país são alarmantes. Entre 2012 e 2022, mais de 6,7 milhões de acidentes de trabalho foram registrados no Brasil, com cerca de 25 mil mortes. Esses dados, embora chocantes, não revelam toda a realidade: a subnotificação, principalmente entre trabalhadores informais, oculta parte significativa das vítimas, que adoecem ou morrem sem qualquer reconhecimento ou reparação. Estima-se que ocorra um acidente de trabalho a cada 49 segundos no território nacional, colocando o Brasil entre os países com mais registros desse tipo.

Diante desse cenário, a prevenção se impõe como prioridade. Campanhas como a CANPAT — promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego — buscam alertar empregadores e empregados sobre a importância da segurança, do uso correto de equipamentos de proteção, da saúde ocupacional e da fiscalização rigorosa das condições nos locais de trabalho. Ainda assim, sem compromisso político e social amplo, essas medidas são insuficientes diante da dimensão do problema.

O 28 de abril não deve ser tratado como uma data simbólica isolada, mas como um convite permanente à reflexão e à ação. Lembrar das vítimas é reconhecer que muitas dessas tragédias poderiam ter sido evitadas. É defender que nenhum trabalhador deve adoecer ou morrer para garantir o próprio sustento. É exigir que saúde e segurança sejam tratadas como direitos fundamentais e não como despesas a serem cortadas.

Trabalhar não pode ser sinônimo de risco constante. Que cada memória de dor se transforme em uma política pública efetiva. Que cada estatística seja substituída por histórias de dignidade preservada. E que o Brasil avance na construção de ambientes de trabalho verdadeiramente humanos e seguros.

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