Santander amplia lucros, mas penaliza trabalhadores e clientes

O Santander Brasil registrou um lucro impressionante no quarto trimestre de 2024, atingindo R$ 3,85 bilhões, um crescimento de 74,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o banco somou R$ 13,87 bilhões em lucros, um aumento de 47,8%. Enquanto os números favorecem os acionistas, os bancários enfrentam cortes de direitos e condições de trabalho cada vez mais precárias.

 

Uma das medidas mais criticadas pelo movimento sindical foi a retirada do ponto eletrônico para gerentes e especialistas E1, o que, na prática, abre espaço para jornadas abusivas e compromete o direito à desconexão. Sem um sistema de controle, os trabalhadores ficam vulneráveis à sobrecarga e ao assédio moral.

 

Além disso, os problemas com o plano de saúde dos funcionários persistem. Desde 2023, a assistência médica foi modificada unilateralmente pelo banco, resultando em uma rede credenciada insuficiente. O movimento sindical propôs melhorias, como a migração para um plano com maior cobertura e direito a reembolso, mas o Santander alega dificuldades financeiras para implementar a mudança.

 

Outra decisão que gerou indignação foi a alteração nos critérios de remuneração variável. O banco restringiu esse benefício às áreas comerciais, excluindo caixas e especialistas de serviços. Essa mudança levanta questionamentos sobre a valorização desses trabalhadores e até mesmo sobre a intenção do banco de extinguir a função de caixa.

 

Enquanto os bancários enfrentam cortes e aumento da pressão no trabalho, o Santander segue com lucros bilionários. A empresa fechou 706 postos de trabalho em últimos 12 encerrados em setembro, sendo 568 apenas no terceiro trimestre de 2024. O movimento acontece em um cenário de aumento da base de clientes - 68,8 milhões em setembro, elevação de 3,4 milhões ante 2023. O sindicato continuará na mobilização para barrar os ataques aos direitos da categoria e cobrar melhores condições de trabalho.

 

Por João França