NOTÍCIAS - 01/04/2024

60 anos do golpe: relembrar para não repetir

No dia 31 de março de 1964, tropas do Exército Brasileiro saíram de Minas Gerais e marcharam até o Rio de Janeiro para derrubar o governo de João Goulart. No dia seguinte, ocorreu uma sessão do Congresso Nacional declarando vaga a posição de Presidente da República. Sob o pretexto de salvar a democracia brasileira, os militares tomaram o poder e cercearam por 21 anos aquilo que falsamente declararam defender.

O período da ditadura foi marcado por uma intensa repressão à custa dos trabalhadores brasileiros, que viram o Estado reprimir seus direitos para agir em favor da elite em um "milagre econômico" que beneficiou apenas os fiéis ao capital. Nessa ótica de rompimento dos direitos da classe trabalhadora, os sindicatos foram atacados sem pudor.

Após a declaração do golpe, o secretário geral do Sindicato dos Bancários de Feira de Santana, Antoniel Queiroz, foi preso por 30 dias, sendo brutalmente torturado. Antoniel não resistiu às sequelas da tortura e faleceu. A sede do sindicato foi totalmente depredada e invadida, com móveis e documentos arremessados pela janela do 1º andar do prédio na Rua Monsenhor Tertuliano Carneiro, nº 213, na esquina com a Praça Fróes Da Mota.

Foram anos sombrios, marcados pela perseguição aos líderes sindicais e pelas diversas intervenções feitas pelo governo. No entanto, o movimento sindical nunca baixou a cabeça para a repressão militar e, apesar de todos os riscos, sempre defendeu a democracia e o Estado democrático de direito.

Relembrar um passado obscuro não é remoer dores desnecessárias, mas sim ecoar no presente as consequências de um período de terror que jamais deve se repetir. Olhar para trás é recordar as vidas perdidas e destruídas por um governo autoritário e violento que ainda se mantém vivo nos ideais daqueles que, há pouco mais de um ano, invadiram o Congresso, para mais uma vez "salvar a pátria amada". No fim, é uma data para não se esquecer de lembrar, mas há quem tente reescrever ou rasgar as folhas do passado. No entanto, não se apaga, ou pelo menos não se deve apagar, aquilo que é escrito em tinta sangrenta na nossa história.

 
Por João França - Sindicato dos Bancários de Feira de Santana

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